
Nasceu Erick Lee Purkhiser em Ohio, EUA no ano de 1946. Mas isso não durou para sempre, poucos anos depois esse rapaz iria andar pelo lado selvagem da vida. Mas sua história está ligada fortemente com a de sua parceira, Kristy Marlana Wallace, futura Poison Ivy.

Essa é a maior história de amor do rock, difícil conceber um casal mais legal que Lux Interior e Poison Ivy. Eram meio hipongas quando se conheceram e a história dos dois nasceu de uma carona quando eram estudantes de arte na universidade de Sacramento e frequentavam aulas de xamanismo.

Como disse em entrevista, Ivy se encantou por Lux por conta de seu estilo, digamos diferente e chamativo. É de se imaginar que as paixões por cinema b, Eddie Cochran, fetiche por pés, serial killers e substâncias proibidas os uniram. Nunca se casaram, mas como Ivy declarou nos anos 90, estiveram sempre apaixonados, provavelmente de outras vidas.
A música do Cramps tinha tudo para impressionar, tudo a oferecer: filmes de terror e carros antigos, rockabilly, agressividade real, loucura e liberdade sexual. The Cramps fazia o mundo ser mais interessante e sedento. É difícil não abrir um sorriso quando se avista uma pessoa usando uma camiseta dessa banda.

A loucura e agressividade de Lux no palco eram de uma verdade sem concessões, sem estratégias de marketing, era primal e feroz. Ele deu o rock aos esquisitões. Que ser adorável.
Lux vestia para agredir as definições de masculinidade. Seus saltos agulha furavam os medrosos; suas roupas de látex sufocavam os sem criatividade; mesmo com costume, sapatos e camisa preta eram capazes de acordar os mortos.

Um elemento curioso de sua expressividade no vestir está na escolha de certas peças como o salto alto. Esse calçado já foi um peça proeminentemente masculina. Os reis franceses do século XVII e XVIII difundiram o uso da peça por toda nobreza ocidental.
Outro elemento usado por Lux que também era sinônimo de masculinidade nessa mesma época era a maquiagem. Homens pertencentes a camadas nobres usavam a maquiagem também como um elemento de diferenciação das camadas que sujavam o rosto em trabalho subalternos.
Esses costume foram abandonados com a severidade inglesa que ditou os rumos da moda masculina até bem pouco tempo. Assim, o salto e a maquiagem se tornaram eminentemente “femininos”, impensável ver um homem hétero usando a peça e o adereço com naturalidade.

No entanto, o vestir é um ato que carrega em si muitas intenções. Dentre elas, expressar a loucura, a fúria. Eis que Lux Interior chega, absolutamente ameaçador. Um vampiro, um homicida, um serial killer de filme. Um homem enorme que poderia te matar. Hétero, escravo sexual de sua mulher, e de salto alto. Novamente, algumas barreiras de comportamento e de expressão se despedaçam.
Vida Longa a luz interior.
*Esse texto foi escrito a quatro mãos em parceria com a Consultora de Estilo/Imagem Bárbara Lyra, mais do trabalho luminoso dela você encontra no instagram em @barbara.lyra